Síndrome dos Ovários Policísticos

Postado em: 18/05/2022

Este texto explica o que é síndrome dos ovários policísticos, sintomas, como fazer o diagnóstico e os melhores tratamentos na atualidade.

Ovários policísticos: O que é?

Você com certeza já ouviu alguém falar sobre ovários policísticos. Geralmente, é muito comum escutar sobre isso na adolescência. Ao nascimento, temos milhões de óvulos em estágio inicial de desenvolvimento. Com a primeira menstruação, estes óvulos são identificados pela ultrassonografia, envolvidos por líquido, formando pequenos cistos, que medem entre 2 e 9 mm, chamados de folículos antrais. A diferença entre cisto no ovário e ovário policístico está no tamanho e no número de cistos. Portanto, o ovário policístico é a característica de um ovário que apresenta muitos folículos, ou seja, um ovário normal, mas também pode indicar uma doença, a chamada síndrome dos ovários policísticos. https://youtu.be/a-o9MUkjY40

Ovários policísticos: sintomas

Existem diversos fatores envolvidos no desenvolvimento da síndrome dos ovários policísticos, mas é provável que a mesma seja o resultado da associação de fatores genéticos e fatores ambientais. Cerca de 10% das mulheres possuem a síndrome dos ovários policísticos em algum grau. A influência genética é forte.Mulheres com ovário policístico frequentemente possuem uma mãe ou irmã também com a doença. É preciso pelo menos duas das três características descritas abaixo para o diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos:
  • Ausência de menstruação ou ciclos irregulares;
  • Sinais de aumento dos níveis de testosterona detectado clinicamente ou pelos exames de sangue;
  • Ovários de aspecto policístico à ultrassonografia.
A síndrome dos ovários policísticos pode se apresentar de 4 formas clínicas diferentes:
  1. Alterações menstruais, aumento dos níveis de testosterona e ovário policístico à ultrassonografia;
  2. Aumento dos níveis de testosterona e alterações menstruais;
  3. Alterações menstruais e ovário policístico à ultrassonografia.
  4. Aumento dos níveis de testosterona e ovário policístico à ultrassonografia;
Um dos achados mais comuns nas mulheres com síndrome dos ovários policísticos é um aumento dos níveis de testosterona, o principal hormônio masculino. Outra alteração comum é a resistência insulínica. A paciente produz insulina normalmente, mas os seus tecidos são resistentes a sua ação, causando uma alteração nos valores da glicose e insulina no sangue.

Ovários policísticos: diagnóstico

A síndrome dos ovários policísticos é chamada de síndrome porque possui um conjunto de sinais e sintomas que podem ou não estar presentes. Algumas mulheres podem ter muitos sintomas e outras podem ter a forma mais branda. As principais características da síndrome dos ovários policísticos são a menstruação irregular, que é provocada pelos ciclos anovulatórios, que são ciclos menstruais em que não acontece a ovulação, infertilidade, obesidade, aumento dos pelos e acne. Podemos encontrar alterações em alguns exames laboratoriais. O excesso de testosterona, chamado de hiperandrogenismo, é responsável por alguns dos sinais e sintomas típicos da síndrome dos ovários policísticos. O achado mais comum da elevação da testosterona é chamado de hirsutismo. Este é o nome dado à presença de pêlos nas mulheres em lugares como acima do lábio superior, no queixo, ao redor dos mamilos e abaixo do umbigo. O excesso de hormônios masculinos também é o responsável pelo aumento da oleosidade da pele, sendo muito frequente o aparecimento de acne (cravos e espinhas). Também não podemos esquecer de outros achados que podem ser encontrados junto com a síndrome dos ovários policísticos, que é a síndrome metabólica. Nesta síndrome temos como principais achados o excesso de peso, resistência à insulina, níveis elevados de colesterol e hipertensão arterial. A ausência de ovulação e as alterações hormonais da síndrome do ovário policístico aumentam o risco do desenvolvimento de câncer, sendo o mais comum o câncer de endométrio.

Ovários policísticos: posso engravidar?

Uma pergunta muito frequente que as pacientes com ovário policístico fazem é sobre gravidez. Sabemos que mesmo apresentando ovários policísticos, as mulheres que apresentam pouco ou nenhum sintoma podem engravidar normalmente. No entanto algumas mulheres podem apresentar algumas dificuldades. A infertilidade pode ocorrer devido aos frequentes ciclos anovulatórios. Nestes casos, as pacientes com síndrome do ovário policístico acabam precisando de tratamento para infertilidade para conseguir engravidar.

Ovário policísticos: como é o diagnóstico?

Durante toda a vida reprodutiva da mulher, os ciclos menstruais não seguem o mesmo padrão todos os meses. Lembrando que na transição da infância para a adolescência, a menstruação irregular é considerada normal no primeiro ano após a primeira menstruação. Devemos considerar os ciclos irregulares como critério diagnóstico para a síndrome dos ovários policísticos quando:
  • Os intervalos forem menores que 21 dias ou maiores que 45 dias entre o primeiro e terceiro ano após a primeira menstruação;
  • Se os intervalos forem menores que 21 dias ou maiores que 35 dias, após três anos da primeira menstruação, se isso acontecer mais de oito vezes por ano.
  • No caso de um atraso menstrual maior que 90 dias.

Ovários policísticos: sinais e sintomas

A síndrome dos ovários policísticos tem como principais sinais relacionados ao excesso de hormônio masculino:
  • Acne em locais como rosto, peito e parte superior das costas,
  • Pêlos em excesso em uma ou mais áreas do corpo, como no rosto, membros, abdome, entre as mamas ou na aréola;
  • Excesso de oleosidade na pele;
O exame mais importante de sangue para a dosagem dos hormônios é a testosterona total e a testosterona livre. O ideal é colher entre o primeiro e quinto dia do ciclo menstrual, na ausência de uso de pílulas ou outro hormônio. Também é comum realizar a dosagem de outros hormônios masculinos, como o sulfato de dehidroepiandrosterona (SDHEA) e a 17-Hidroxiprogesterona. Estes exames servem para afastar a possibilidade de produção desses hormônios masculinos pela glândula suprarrenal.

Ovários policísticos: ultrassonografia

Atualmente, os critérios para se definir um ovário como policístico no ultrassom realizado pela via transvaginal são 20 ou mais folículos ou como são mais conhecidos “cistos”. Durante os 8 primeiros anos a partir da primeira menstruação, é importante salientar que os ovários são de aspecto policístico em praticamente todas as meninas, não sendo um critério diagnóstico. Também consideramos que os ovários policísticos quando os ovários apresentam dimensões aumentadas, acima de 10 cm³, na ausência de cistos ou folículos periovulatórios.

Ovários policísticos: achado no exame de ultrassom mas sem outros sintomas

Ter somente os ovários de aspecto policísticos na ultrassonografia e não apresentar nenhum outro sintoma, faz com que a mulher não tenha a síndrome dos ovários policísticos. Na verdade, nesta situação a mulher possui uma quantidade ótima de óvulos armazenada em seus ovários. Estes óvulos estão em estágios iniciais do seu desenvolvimento, quanto maior o número, maior é a reserva ovariana. Sabemos que é necessário além dos ovários policísticos, a presença de alterações endócrinas associadas, sendo assim é que devemos dar o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos.

Ovário policístico: Obesidade e diabetes

Como já falado anteriormente, a obesidade e o diabetes frequentemente é algo muito comum nas mulheres com a síndrome dos ovários policísticos, mas não é um critério diagnóstico.

Ovários policísticos: tem cura?

Sim, ovários policísticos tem cura e seu tratamento vai depende dos sintomas.

SOP: Tratamento com mudanças comportamentais

Uma grande aliada no controle da síndrome dos ovários policísticos e suas alterações é a reeducação alimentar e os exercícios físicos. Sabemos que a síndrome do ovário policístico está muito ligada ao estilo de vida além da associação que à fatores genéticos. Sempre devemos orientar sobre a realização de reeducação alimentar com uma dieta equilibrada, pobre em farináceos e açúcares refinados, também rica em alimentos anti-oxidantes, que são frutas, legumes e verduras. Junto com essas mudanças alimentares, podemos utilizar algumas opções de suplementos, sendo estes potencializadores dos tratamentos medicamentosos. No caso da resistência à insulina, que é frequente na síndrome do ovário policístico e que também aumenta o risco do desenvolvimento do diabetes tipo 2, podemos utilizar suplementos como cromo e o inositol. A utilização de suplementos como a N-acetil cisteína e a L- carnitina, potencializa as chances de gestação na síndrome do ovário policístico quando ocorrem irregularidades menstruais e alterações da ovulação. O uso destes suplementos pode auxiliar no endométrio para aumentar as chances de implantação do embrião. Outros sintomas como o aumento da oleosidade da pele, acne e hirsutismo, muitos frequentes nas adolescentes com síndrome do ovário policístico, podem ser amenizados com o uso de suplementação de vitamina A, B5 e B3, correção do zinco, chá de hortelã,  e também alguns fitoterápicos. A atividade física é uma grande aliada, junto com os fatores dietéticos. Devemos colocar a atividade física sempre mesmo quando não se observa muitas alterações da síndrome dos ovários policísticos.

SOP: Tratamento medicamentoso

Se a mulher não tem desejo reprodutivo, podemos utilizar as pílulas anticoncepcionais como medicamentos de escolha. Sabe-se que estes hormônios além de regularizar o ciclo menstrual, também diminuem o nível de hormônio masculino e atenuam os sintomas da acne, excesso de pelo e oleosidade da pele. Hoje temos muitos tipos de anticoncepcionais no mercado e sempre é possível encontrar uma boa estratégia terapêutica. Quando a SOP está associada à resistência insulínica, podemos associar estas medicações para melhor resultado terapêutico. A metiformina é uma das medicações mais antigas, com ótimos resultados e largamente utilizada. No caso de infertilidade, quando a paciente apresenta desejo reprodutivo, podemos iniciar o tratamento com as medicações indutoras de ovulação, mas não antes de afastar as outras possibilidades de causas de infertilidade.

SOP: posso ter câncer?

Hoje já sabemos que a SOP pode aumentar as chance de desenvolver o câncer de endométrio. Isto ocorre devido aos ciclos anovulatórios que tem baixa produção de progesterona, hormônio que combate os efeitos do estrogênio no útero. Quando a falta da menstruação acontece por uso contínuo de pílulas anticoncepcionais, DIU hormonal como o Mirena, Kyleena ou outros hormônios, podemos dizer que existe até uma possível redução do risco de câncer de endométrio, se comparado com quem não faz uso destas medicações.

Prevenção

Não existe como evitar a SOP, mas o diagnóstico e tratamento precoce podem ajudar a diminuir os efeitos do excesso de testosterona, infertilidade, câncer de endométrio, obesidade, diabetes e o desenvolvimento de doenças cardíacas. síndrome dos ovários policísticos Agora que você já sabe um pouco mais sobre a síndrome dos ovários policísticos, agende uma consulta com Dra. Aline Borges. kyleena AGENDAMENTO DE CONSULTA OU TELECONSULTA (CLIQUE AQUI) Whatsapp

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