Congelamento de Óvulos: mitos e verdades
Postado em: 23/05/2025
O Congelamento de Óvulos, chamado também de criopreservação, é uma das principais estratégias da medicina reprodutiva para quem deseja preservar a fertilidade.
Cada vez mais mulheres que priorizam a carreira, os estudos ou que enfrentam condições médicas específicas escolhem essa técnica para planejar a maternidade com mais segurança e autonomia.
O procedimento permite armazenar os óvulos no período de melhor qualidade reprodutiva, aumentando as chances de gravidez no futuro. Estudos indicam que, quando realizado antes dos 35 anos, o congelamento oferece taxas de sucesso significativamente maiores.
Se você está considerando essa possibilidade, continue a leitura para entender quando o congelamento é indicado, como funciona e quais são os mitos e verdades que ainda geram dúvidas sobre essa escolha.
Mito: apenas mulheres acima de 35 anos podem congelar óvulos
Verdade: não existe uma idade mínima legal para o congelamento de óvulos, mas a maioria das clínicas recomenda que o procedimento seja feito a partir dos 18 anos, quando a mulher já atingiu a maturidade reprodutiva.
No entanto, o ideal é que o congelamento ocorra até os 35 anos, faixa etária em que os óvulos ainda mantêm alta qualidade e boa reserva ovariana.
Com o passar dos anos, a quantidade e a qualidade dos óvulos diminuem, o que reduz as chances de sucesso com a fertilização in vitro (FIV). Mulheres que planejam adiar a maternidade devem considerar o congelamento de óvulos enquanto estão na fase de maior fertilidade.
Mito: congelar óvulos é um processo doloroso e complicado
Verdade: o processo pode causar algum desconforto, mas não é doloroso. A coleta de óvulos (punção ovariana) é realizada com sedação leve, garantindo conforto durante o procedimento.
A maioria das mulheres relata sintomas leves, semelhantes aos de uma cólica menstrual ou inchaço abdominal nos dias que antecedem a punção, especialmente durante a estimulação ovariana.
O tratamento é dividido em três etapas:
- Estimulação ovariana: por 10 a 15 dias, a paciente aplica hormônios que estimulam os ovários a produzirem mais óvulos. Esse processo é monitorado por exames e ultrassonografias.
- Coleta dos óvulos (punção): quando os folículos estão prontos, os óvulos são aspirados com uma agulha fina, guiada por ultrassom. O procedimento dura cerca de 20 minutos, com sedação.
- Vitrificação: os óvulos maduros são congelados a -196°C por uma técnica que evita a formação de cristais de gelo e preserva sua integridade celular, permitindo o uso no momento mais adequado.
Mito: paro de ser fértil após o congelamento de óvulos e não posso mais engravidar naturalmente
Verdade: o congelamento de óvulos é uma forma de preservar a fertilidade e não interfere na ovulação natural. Após o procedimento, a mulher continua ovulando normalmente, exceto se estiver usando contraceptivos hormonais.
É possível engravidar mesmo após ter congelado os óvulos — e, portanto, métodos contraceptivos continuam sendo necessários se a gravidez não for desejada naquele momento.
Mito: óvulos congelados perdem qualidade ao longo do tempo
Verdade: a qualidade dos óvulos congelados permanece preservada ao longo dos anos. A técnica utilizada atualmente, chamada vitrificação, é um método de congelamento ultrarrápido que impede a formação de cristais de gelo e mantém a integridade celular.
Estudos indicam que os óvulos vitrificados podem ser armazenados por décadas, desde que mantidos em condições ideais de conservação, sem perda significativa de viabilidade.
Mito: o congelamento de óvulos garante uma gravidez futura
Verdade: o congelamento de óvulos aumenta as chances de gravidez no futuro, mas não garante a gestação. A qualidade dos óvulos, a taxa de sobrevivência ao descongelamento e a eficácia da fertilização variam de acordo com cada caso.
É importante ter expectativas realistas: o que se preserva são as chances de engravidar com a qualidade reprodutiva da idade em que os óvulos foram congelados. Resultados dependem ainda da resposta à estimulação ovariana, do número de óvulos coletados e da saúde reprodutiva da paciente.
Mito: mulheres com câncer não podem congelar óvulos
Verdade: mulheres com diagnóstico de câncer podem e devem considerar o congelamento de óvulos antes de iniciar tratamentos como quimioterapia ou radioterapia, que podem comprometer a fertilidade.
Segundo a American Society of Clinical Oncology (ASCO), essa é uma estratégia eficaz para preservar a chance de uma gestação futura. O ideal é realizar a coleta o quanto antes, após o diagnóstico e antes do início das terapias.
Com orientação especializada, é possível manter o potencial reprodutivo mesmo após o tratamento oncológico.
Mito: o congelamento de óvulos é muito caro e inacessível
Verdade: o congelamento de óvulos já foi um procedimento menos acessível, mas hoje tornou-se mais viável para muitas mulheres. Em 2025, o custo médio por ciclo varia entre R$18 mil e R$ 25 mil, dependendo da clínica, região e protocolo adotado. Esse valor inclui etapas como estimulação ovariana, coleta e vitrificação.
É necessário considerar também a taxa anual de armazenamento, que garante a preservação dos óvulos em nitrogênio líquido a -196°C, com valores médios entre R$ 1.200 e R$ 2.400 ao ano, conforme a estrutura da clínica.
Informação e planejamento para decisões seguras
O congelamento de óvulos oferece mais liberdade e segurança para mulheres que desejam adiar a maternidade. Ter acesso a informações corretas e desmistificar o procedimento é fundamental para tomar decisões alinhadas ao seu momento de vida.
Se você está considerando essa possibilidade, agende uma consulta comigo. Estou à disposição para orientar com clareza, responsabilidade e o cuidado que esse passo merece.
Dra. Aline Borges é médica ginecologista e especialista em reprodução humana, atua na área de ultrassonografia da imagem da mulher e é professora dos cursos de HYCOSY e ultrassonografia para endometriose no CETRUS.
CRM-SP: 120044
RQE Nº: 83943 – Ginecologia e Obstetrícia
RQE Nº: 58644 – Diagnóstico por imagem
RQE N° 839431 – Reprodução Assistida
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Dra. Aline Borges
Ginecologista especialista em Reprodução Humana